Quando se fala em história da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil logo vem à lembrança a data do “31 de Julho”. Isso é mais do que natural face à importância da data do nascimento de nossa querida Igreja. Os nomes de Eduardo Carlos Pereira, Othoniel Mota, Vicente Themudo Lessa, Alfredo Borges Teixeira, dentre outros, estão fortemente presentes na lembrança e na memória de Igreja Independente.
FUNDADORES
Na noite de 31 de julho de 1903, um grupo de 7 pastores e 11 presbíteros deixou a reunião do Sínodo (da então Igreja Presbiteriana do Brasil), liderados pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, para fundar a “EGREJA PRESBYTERIANA INDEPENDENTE BRAZILEIRA”, segundo a ortografia da época. No dia seguinte, 1 de agosto, organizaram-na oficialmente em “Presbitério Independente”. Outros quatro presbíteros foram arrolados entre os fundadores da Igreja (ficaram conhecidos como “fundadores do dia seguinte”). Os pastores fundadores eram:
· Alfredo Borges Teixeira
· Bento Ferraz
· Caetano Nogueira Júnior
· Eduardo Carlos Pereira
· Ernesto Luiz de Oliveira
· Othoniel Motta
· Vicente Themudo Lessa
A LIDERANÇA DE EDUARDO CARLOS PEREIRA
Eduardo Carlos Pereira nasceu em 1855. Em 1875 fez sua pública profissão de fé, na Igreja Presbiteriana de São Paulo, perante o Rev. G. Chamberlain. Cinco anos depois, iniciou sua carreira ministerial na cidade de Campanha, estado de Minas Gerais. Em 1884, juntamente com Remígio Cerqueira Leite, fundou a Sociedade Brasileira de Tratados Evangélicos, visando a publicação de opúsculos para evangelização e disseminação do protestantismo. Nessa Sociedade já estava, em embrião, tudo aquilo que Eduardo Carlos Pereira representaria para o presbiterianismo brasileiro. Algumas características dessa Sociedade eram:
· Recursos nacionais - Seria sustentada por recursos financeiros oriundos do Brasil;
· Cooperação interdenominacional - Teria espírito de cooperação com outras denominações brasileiras, evitando publicar textos sobre temas e assuntos de controvérsia entre elas;
· Autores brasileiros - Publicaria trabalhos escritos por autores nacionais;
· Temas relevantes - Preocupar-se-ia com temas de relevância na realidade nacional.
CONTEXTO
Os missionários e as igrejas dos Estados Unidos deveriam ter percebido esse movimento inicial e deveriam também passar a atuar no sentido de emanciparem a Igreja Presbiteriana que aqui organizaram, mas não foi isso que veio a acontecer.
Na base de tudo estava um problema muito sério: o da preparação dos pastores para a Igreja Presbiteriana no Brasil. Desde a organização do Sínodo, em 1888, a questão que dividia a Igreja era a da criação de um Seminário Teológico. Os missionários do Norte dos EUA queriam-no em São Paulo, onde já possuíam uma escola (a atual Universidade Presbiteriana Mackenzie). Os missionários do Sul dos EUA queriam-no em Campinas, onde também já tinham uma escola. A conseqüência dessa divergência era que não se instalava, de fato, um seminário presbiteriano no Brasil.
O Rev. Eduardo Carlos Pereira e sua igreja envolveram-se diretamente na questão. Afligia-os o fato de não existir uma preparação adequada para os pastores da Igreja. Foi em meio a essa situação que, a partir de 1898, surgiu mais um problema: a questão maçônica. A origem da questão maçônica se deu através dos artigos de Nicolau Soares do Couto Esher, publicados em “O ESTANDARTE”, procurando demonstrar a incompatibilidade entre a maçonaria e a fé cristã. O assunto era polêmico. Vários pastores e missionários pertenciam à maçonaria.
CRESCIMENTO INICIAL
A IPIB nasceu pequena. No entanto, o fervor inicial, que era muito grande, propiciou à Igreja um crescimento muito expressivo. Em pouco mais de dez anos, a nova Igreja quase alcançou o mesmo número de membros da Igreja Presbiteriana, da qual saíra em 1903. Era tão impressionante esse crescimento e tão significativo esse fervor que a IPIB ganhou um carinhoso apelido: “Igrejinha dos milagres”! Os estudiosos sugerem que três razões colaboraram, e em muito, para esse crescimento inicial dos presbiterianos independentes:
1. A pregação anti-maçônica - ainda inflamados com o tema que determinou o nascimento da IPIB, conquistaram muitos simpatizantes com essa pregação, que afirmava a pureza doutrinária da Igreja de Cristo;
2. O deslocamento de crentes para outras regiões do país - no início do século XX muitas famílias mudaram-se para novas regiões de povoamento, particularmente em partes do Estado de São Paulo, Minas e Paraná. Isso levava a mensagem evangélica junto com as famílias migrantes;
3. A evangelização propriamente dita - sem dúvida, diante da necessidade do anúncio do evangelho, os primeiros presbiterianos independentes eram muito fervorosos, trazendo muitas pessoas, em especial parentes e vizinhos.
A ABERTURA NOS ANOS 80
No princípio dos anos 80 do século passado a nossa Igreja carecia de uma modernização. O Brasil saía de um período difícil de sua história, marcado pelo autoritarismo, pela perseguição às idéias diferentes e pela falta de liberdade. Iniciou-se uma abertura política. A IPIB acabou acompanhando essa tendência, iniciando na mesma época um processo de abertura ministerial e pastoral. Esse processo constituiu-se em grande bênção para todo o arraial presbiteriano independente! Liderada pelo Rev. Abival Pires da Silveira (que foi presidente do Supremo Concílio, atual Assembléia Geral, por três vezes), a IPIB deu saltos de qualidade e de serviço no Reino de Deus:
· Passou de um para três seminários teológicos;
· Deu real impulso à obra missionária, planejando-a e executando-a através do ministério da Secretaria de Missões;
· Desafiou a Igreja a agir com maior espírito diaconal, propondo a todas as igrejas locais que tivessem seu próprio projeto social (anteriormente só havia Bethel - Lar da Igreja, em Sorocaba, SP);